Quando a Saudade bate a porta ...
Caros Amigos,
Tenho usado este forum para partilhar a minhas experiencias vinicas por esse Mundo fora, mais concretamente em Mocambique onde "assentei arraiais" no ano de 2011 (como o tempo passa).
Ao longo deste tempo tenho tido a sorte de poder viajar por diversos cantos do Continente Africano, conhecendo novas culturas e usufruindo de experiencias gastronomicas/culturais unicas. Tendo igualmente a oportunidade de constatar as nuances que cada um destes lugares apresentava em relacao ao Vinho, ora mais evoluido e conhecedor, ora ainda num estadio pouco desenvolvido.
Durante este tempo todo, o que mais me cativou foi sem duvidas a Africa do Sul, mais concretamente a Cidade do Cabo onde se respira uma autentica atmosfera vinica que nos contagia, fazendo lembrar as regioes produtoras do Velho Continente.
Mas se os vinhos sul-africanos tem sido uma autentica surpresa (positiva na maioria das provas), de vez em quando a Saudade bate a porta, envolvendo-me numa nostalgia quase pueril pelos vinhos que cresceram comigo e que me moldaram o palato durante muitos anos.
Pois bem, ontem fui convidado para jantar na casa de uma Amigo que me presenteou com um Vinho da minha Terra - Bairrada. Estrategicamente delineado para casar com um requintado bacalhau assado estava a minha espera o Vinho Branco Pai Abel da Quinta das Bageiras. Soberbo, fantastico, inenarravel o prazer e as sensacoes que este vinho me proporcionou a quase 10.000 km das vinhas que lhe deram origem.
A Quinta das Bageiras, pela deligente mao do Mario Sergio (desculpe Sr. Comendador), tem preservado o melhor que se faz na Bairrada, mesmo que em certos momentos contra a corrente, apostando na manutencao das suas castas autoctenes (elevando a Baga, a Maria Gomes e outras tantas castas ao lugar que merecem) e demonstrando que se consegue fazer vinhos unicos.
Apelidado por muitos como "fazedor de Vinhos dificeis" e pouco comerciais, o certo e que cedo percebeu (bem como outros pares na Regiao) que a aposta da Bairrada seria ganha na exponenciacao do melhor que temos e que dificilmente poderia ser replicado noutras regioes. O caminho foi percorrido, com muitas contrariedades pelo caminho, mas finalmente os consumidores comecam a ficar rendidos a Bairrada e aos seus vinhos unicos.
Que venham pois mais Pai(s) Abel, Avo(s) Fausto e tantos outros para matar as minhas Saudades.
Viva o Vinho, viva a Bairrada, viva a sabedoria que os nossos antepassados nos emprestaram ...
Saudacoes Vinicas,
Filipe Carvalho