O Consumo de Vinho em tempos de Crise ...
Em tempos de crise manda o ditado que “devemos apertar o cinto”. Pois bem, em Moçambique vivemos momentos difíceis com a instabilidade politica-económica a ditar um quadro negativo em que o Metical vem desvalorizando bruscamente face ás principais moedas internacionais e com a inflação a atingir niveis recordes.
Neste contexto e face á diminuicao do poder de compra da população, verifica-se um fenómeno normal de ajustamento do perfil de compras dos consumidores e em particular dos consumidores de vinho.
Perante esta situacao a maioria dos consumidores opta por racionalizar a sua escolha no momento da compra, quer optando por produtos mais baratos, quer pela diminuição ou mesmo abandono do consumo de determinado produto.
Em Moçambique, verificamos que a maioria da população está claramente a diminuir o consumo de vinho (basta falar com os principais importadores), procurando cada vez mais marcas mais baratas. Se ate 2014 se verificava uma tendência de crescimento no consumo, com o aparecimento de novas marcas no mercado, actualmente o consumo e a oferta são manifestamente menores. Das marcas portuguesas restam apenas as tradicionais e algumas mais resilientes, salientando-se uma preponderância das marcas sul-africanas por via da tradicional vantagem competitiva (tarifa aduaneira preferencial ao abrigo da SADC).
Como consumidor militante nao posso dizer que esta situacao seja de todo agradável pois os precos dos vinhos (em particular dos vinhos europeus) tornaram-se proibitivos e as marcas mais baratas deixam um pouco a desejar em termos de qualidade.
Mas como diz um velho proverbio Chines – “Nas crises residem as oportunidades”. Entao aproveitemos esta ocasião para diversificarmos as nossas escolhas (talvez aprofundando os nossos conhecimentos em relação aos vinhos sul-africanos) ou até quem sabe recuperar o “sonho antigo” de produzir vinho em Moçambique.
Bebamos um copo á crise ou então para nos esquecermos dela …
Saudações Vínicas
Filipe Carvalho