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VINHOeXIMA

VINHOeXIMA

CRÓNICAS DE UM VINHO AFRICANO …

29.01.15, VinhoeXima

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Depois de ja ter partilhado algumas experiências vínicas vividas na África do Sul, desta vez as crónicas continuam numa latitude diferente -Tanzânia.

 

Se em relação aos vinhos sul-africanos é possível identificarmos uma matriz francesa, no caso dos vinhos tanzanianos encontramos definitivamente um “sotaque italiano”.

 

Esta influência italiana, deve-se sobretudo a razões históricas, pois, em 1937 os missionários italianos da Congregação do Espírito Santo plantaram a primeira vinha na região de Kondoa e mais tarde, em 1957 os missionários Passionistas viriam a plantar três vinhas na região de Dodoma. Estas experiências foram tão bem sucedidas que os habitantes da região começaram a ver o potencial da produção de uvas para o consumo (dita uva de mesa) e para a produção de vinho.

 

Logo após a independência, o pai fundador da nação tanzaniana Julius Nyerere visitou essa região, ficando bastante impressionado com o que viu, tendo inclusive pedido aos missionários italianos para continuarem a ajudar o desenvolvimento da produção de uvas na região de Dodoma (actual capital da Tanzânia).

 

Em 1969, por iniciativa governamental foi criada a primeira adega para produção de vinho na Tanzânia - "Dodoma Wine Company” (DOWICO), que seria responsável pela compra de todas as uvas da região e pelo estabelecimento de um centro de pesquisa, estudando as variedades de uvas mais apropriadas para esta região.

 

Depois de um período dourado de cerca de 30 anos, na região de Dodoma, seguiu-se um tempo de desânimo e abandono desta cultura, devido a constantes períodos de seca e problemas de escoamento de mercado.

 

Com a venda da empresa estatal DOWICO a uma empresa privada e com o surgimento em 2005 de um novo produtor - CETAWICO (um engenheiro italiano reformado que decidiu produzir vinho na região – cerca de 2000 hl/ano), assistimos a um ressurgimento da industria vínica na Tanzânia.

 

Actualmente, há cerca de 600 produtores de uvas na região, com cerca de 6000 hectares plantados, utilizando as castas italianas Teroldego, Marzemino e Aglianico (variedades inicialmente plantadas pelos antigos missionários italianos), a que mais tarde se juntaram as francesas Chenin Blanc e Chardonnay.

 

Durante a minha visita, pude verificar que o vinho está a tornar-se bastante popular na Tanzânia, onde despontam vinhos com características únicas e muito interessantes, como são os casos do Dodoma, Imagi, Embassador e President.

 

E depois de um longo dia de trabalho, chego ao Hotel e saboreio um bom vinho tanzaniano com o indispensável queijo local …. mambo mazuri hayataki haraka”, que em Suaili significa – “as coisas boas da vida devem ser apreciadas sem pressa”.

 

Brevemente, voltarei com mais crónicas de Vinhos Africanos ...

 

Saudacoes Vinicas

 

Filipe Carvalho