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VINHOeXIMA

VINHOeXIMA

VINHOS EXÓTICOS …

30.03.14, VinhoeXima

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando falamos em produtores de vinho, rapidamente nos vem à cabeça países como a França, Espanha, Itália, Portugal (Velho Mundo), Chile, Austrália, África do Sul (Novo Mundo), entre outros. Mas o que a maioria das pessoas não sabe, é que em zonas remotas do nosso planeta, e muitas vezes em condições naturais muito adversas, se produz vinho, a que eu gosto de apelidar de Vinhos Exóticos.

 

Neste artigo gostaria de partilhar, alguns exemplos e curiosidades acerca da proveniência insólita de alguns vinhos. Começando por África, desde logo nos deparamos com o norte do continente, banhado pela bacia mediterrânica, onde são produzidos vinhos de grande qualidade, como são os casos dos vinhos marroquinos, argelinos, tunisinos, egípcios, libaneses e israelitas. Esta zona tem um historial muito longo, que remonta ao tempo dos fenícios, gregos e romanos, mas que actualmente se encontra muito ligada a interesses de produtores de origem francesa.

 

Ainda em África, sabia que se produz vinho na Ilha do Fogo em Cabo Verde? Pois é, nas encostas do vulcão da Ilha do Fogo, produzem-se vinhos (Vinho do Fogo) há quase 100 anos. As vinhas são cultivadas a uma altitude entre os 1500 e 2000 metros e não necessitam de irrigação ou adubos químicos, já que favorecem de um microclima (frio e ar marítimo) e de um solo vulcânico, envolvido em adubo animal.

 

Quem poderia imaginar que no meio no oceano pacífico, na polinésia francesa se produzia vinhos. Numa das ilhas do Tahiti está a única vinícola em atol do mundo que produz o Vin do Tahiti. O solo é composto basicamente de iri iri (corais mortos), enriquecido com um composto de plantas. Além disso, foram plantadas palmeiras em volta dos vinhedos, funcionando como uma barreira contra os ventos marítimos. O resultado é uma rara e exótica mistura entre o sabor dos atóis e os aromas suaves de frutas vermelhas.

 

Depois de ter viajado por latitudes mais quentes, irei falar agora do vinho do gelo – o Icewine,  considerado por muitos com uma obra-prima da vitivinicultura. Um néctar cujo rendimento é tão baixo que uma videira chega a produzir apenas uma garrafa. O Icewine é produzido a partir de uvas que foram deixadas na videira muito para além da época normal, congelando devido às baixas temperaturas que se fazem sentir no Inverno nessas regiões. Os açúcares e outros sólidos dissolvidos não congelam, mas a água sim, permitindo um mosto mais concentrado, produzindo assim um vinho com um sabor bastante adocicado e recheado de aromas, que é normalmente bebido como sobremesa. Diz-se que foi descoberto por acaso na Francónia (Alemanha), no final do século XVIII, mas só em meados do século XX os viticultores alemães começaram a produzir eiswein (designação alemã para este tipo de vinho) de forma intencional e em escala. Chegou ao Canadá no final da década de 70 e a sua produção cresceu significativamente a partir dos anos 90, de tal forma que hoje é o maior produtor mundial de icewine, tendo assumido a posição de ícone do país.

 

Podemos ainda encontrar inúmeros outros locais e produtores de vinho que à partida poderíamos considerar como improváveis ou até impossíveis, mas desde as estepes das antigas Repúblicas Soviéticas, passando pela China, Índia e até pelas vinhas plantadas em vasos flutuantes no Cambodja, o homem desafia a natureza com vista a obter o tão desejado néctar.

 

Tendo recolhido alguns relatos históricos acerca de alguns testes, e conhecendo a extensão e os diversos microclimas existentes neste País, acredito solenemente que Moçambique poderá a médio prazo inscrever o seu nome no painel dos países produtores de vinho.

 

Como diria o Poeta: “Sempre que o Homem sonha, o Mundo pula e avança”.

 

Saudações Vínicas

 

Filipe Carvalho

 

Novo Mundo Vs Velho Mundo

23.03.14, VinhoeXima

 

Ao longo dos séculos, a hegemonia vínica estava definitivamente do lado da Europa (também considerada como Velho Mundo), pois toda a produção e know-how se encontrava concentrada em poucos países produtores, como era o caso da França, Itália, Espanha e Portugal. Com a expansão dos Descobrimentos e a descoberta de novos territórios, surgiram também novos produtores e novos vinhos, levando ao surgimento do conceito de Novo Mundo.

 

Através dessa expansão, foram sendo transferidos conhecimentos e culturas de vinha (castas) para esses novos territórios, através dos colonos que aí se foram instalando. Com o passar dos tempos, e em particular, a partir de meados Século XX, o Novo Mundo começa a ganhar um protagonismo cada vez maior, conquistando novos mercados e consumidores sedentos por provar vinhos com um estilo diferente.

 

Em 1976, ocorre um episódio que ficou conhecido como o Julgamento de Paris, cujo resultado viria a mexer com os dogmas vínicos até então professados. Em jeito de chacota (bem retratado no filme Bottle Shock), um crítico de vinhos inglês (Steven Spurrier) decidiu organizar uma competição de vinhos, no qual concorreriam vinhos franceses e norte-americanos (californianos).

 

Após imensas hesitações por parte dos californianos em aceitar este desafio, eis que diversos produtores se juntam e decidem apresentar uma representação com os seus melhores vinhos. Assim, no dia 24 de Maio de 1976, um júri composto apenas por franceses e em prova cega, atribuiu diversos prémios aos vinhos norte-americanos, com particular destaque para o californiano Chateaux Montelena (Chardonnay, colheita de 1973) que arrecadou o primeiro prémio nos brancos.

 

Este acontecimento entrou para a história vínica como a primeira grande evidência de que os países do Novo Mundo podiam fazer vinhos tão bons ou melhores do que os franceses, os reis do Velho Mundo.

 

Actualmente, o Novo Mundo apresenta um potencial vínico muito grande, com o aparecimento de novos players, como são os casos da Austrália, Nova Zelândia, África do Sul, Chile, Argentina, Uruguai, E.U.A, entre outros.

 

Apesar de muitas vezes utilizarem as mesmas castas (com especial destaque para as castas francesas), os vinhos do Novo e do Velho Mundo são diferentes, desde logo no estilo, os do Novo Mundo privilegiam a intensidade dos aromas, com especial enfoque na uva, enquanto no Velho Mundo dão mais importância ao terroir (conceito que inclui características específicas de solo, topografia, clima, paisagem e biodiversidade).

 

Então quais os melhores Vinhos? Os do Novo Mundo ou do Velho Mundo?

A resposta só pode ser, aqueles vinhos que tem as suas características naturais bem equilibradas, onde a acidez, os aromas e o álcool estão todos bem ajustados.

 

Como diria um amigo: "Um Vinho Bom, é sempre bom em qualquer parte do Mundo”.

 

Saudações Vínicas

 

Filipe Carvalho

O Alentejo veio a Maputo ...

17.03.14, VinhoeXima

 

Num final de tarde quente, a lembrar o calor das planícies e montes alentejanos em plena atmosfera de Verão, o Alentejo veio a Maputo apresentar-nos os Vinhos do Monte da Ravasqueira.

 

 Ligado há várias gerações à família José de Mello, o Monte da Ravasqueira está localizado no concelho de Arraiolos, a uma hora de distância de Lisboa, ocupando uma vasta área de paisagem tipicamente alentejana, cuja gestão e exploração é assegurada pela Sociedade Agrícola D. Diniz, SA.

 

A vinha do Monte da Ravasqueira é minuciosamente gerida e monitorizada com o objectivo principal de produzir uvas de grande qualidade. Compreende uma área de 44 hectares, a maioria dos quais plantados em solos argilo-calcários com afloramentos graníticos.

 

Cumpridas as cordiais apresentações, estavam então criadas as condições para o início da prova dos Vinhos do Monte da Ravasqueira, no Restaurante Rodízio Real com a presença de representantes do produtor e da Mercury (representante local).

 

O desafio era interessante, degustar três Vinhos tintos deste conhecido Produtor – Fonte Serrana 2012, Monte da Ravasqueira Reserva 2011 e o Monte da Ravasqueira Vinha das Romãs 2010.

 

O Fonte Serrana apresentou-se como um Vinho jovem, aromático e agradável na boca, enfim, um Vinho “fácil” para se consumir no dia à dia.

 

Finda esta primeira “empreitada”, aumentavam as expectativas em torno do próximo Vinho, que orgulhosamente exibia alguns prémios internacionais – Monte da Ravasqueira Reserva. Este Vinho, produzido com base nas castas Syrah (46%) e Touriga Nacional (54%), apresentou-se com um perfil sedutor e bastante interessante. Com uma côr intensa, bastante frutado, bom volume de boca e final longo, este excelente Vinho tinha definitivamente captado as atenções dos convivas presentes.

 

A Prova tinha seguramente atingido um patamar de excelência, mas ainda era cedo para “abandonar o barco” pois faltava cumprir mais uma prova – Monte da Ravasqueira Vinha das Romãs. Este Vinho com um nome bastante sugestivo, tem origem num terreno que outrora albergava romãs e que mais tarde foi destinado á Vinha.

 

Produzido também á base do mesmo dueto (Syrah & Touriga Nacional), mas agora em proporções diferentes, o resultado final foi um Vinho com uma côr muita intensa, frutado, bastante “aveludado” na boca e com um final majestoso … um ode ao Alentejo.

 

A prova estava finalmente completa para os “resistentes” que orgulhosamente permaneceram contemplando o famoso ditado popular alentejano: “Planto o Sobreiro para os meus netos, a Oliveira para os meus filhos e a Vinha para mim”.

 

Saudações Vínicas

 

Filipe Carvalho

A MULHER NO MUNDO DO VINHO …

08.03.14, VinhoeXima

 

 

Num mundo tradicionalmente dominado pelos homens, as mulheres tem assumido um papel cada vez mais preponderante, influenciando e até mesmo revolucionando o universo dos vinhos.

 

O vinho sempre foi uma bebida predominantemente masculina, na antiguidade grega os Simpósios eram espaços onde os homens se reuniam com o objectivo de conversar e beber, sem a presença das mulheres.

 

Felizmente os tempos mudaram, com a emancipação da Mulher, ela veio ocupar um papel de maior destaque na sociedade, passando de uma participação passiva diante do vinho, para uma postura de maior interesse e conhecimento, influenciada pela presença desta bebida nos seus encontros sociais e de negócios.

 

Alguns produtores de vinho de maior sucesso e prestígio mundial, têm figuras femininas na sua liderança, como a Fatoria dei barbi (Itália), a Lidio Carraro (Brasil), Veuve Cliquot (França), Filipa Pato (Portugal), Casa Marin (Chile), Clerc Milon (França), Braida (Itália), entre muitos outros exemplos.


Hoje em dia há cada vez mais mulheres a entrar no Mundo do Vinho, como sommeliers, enólogas, investigadoras, ou simplesmente como consumidoras. Antigamente, era muito raro a mulher pedir a carta de vinhos, isso era tarefa para o homem da mesa, hoje em dia, muitas são as mulheres que o fazem com elevado conhecimento e propriedade.

 

Segundo dados recentes, as mulheres representam actualmente 64% dos consumidores de vinho nos EUA.

 

Diversos estudos revelam que, na generalidade, as mulheres bebem vinho por puro divertimento, sem grandes preocupações com classificações ou críticas. As mulheres preocupam-se sobretudo com o contexto em que irão partilhar o vinho. Não escolherão o mesmo vinho para consumir em casa ou almoçar com um cliente.

Por sua vez, os homens preferem escolher os vinhos de acordo com as classificações e prémios, procuram rótulos, prestígio, vinhos que impressionem. As mulheres são mais práticas, compram vinho para partilhar, para envolver emocionalmente os seus convidados.

Também no plano gustativo, as mulheres têm vantagem sobre os homens, uma vez que têm mais papilas gustativas, o que as torna melhores provadoras.

 

Já tive a felicidade de provar grandes vinhos elaborados por enólogas de “mão cheia”, em que o vigor e a complexidade dos mesmos tinham sido “burilados” pela mestria e sensibilidade do sentido feminino.

 

Acredito que, tal como na vida, também o Mundo do Vinho seria muito mais pobre sem a presença das Mulheres.

 

Como diria o Poeta: “A Mulher é o futuro do Homem”…

 

Saudações Vínicas

 

Filipe Carvalho

Depois de um dia tórrido em Maputo ...

03.03.14, VinhoeXima

Depois de um dia tórrido em Maputo, a sexta-feira à noite prometia alguma frescura e diversão.  Quanto à frescura, essa ficou seguramente noutras latitudes, mas a diversão não faltou para aqueles “resistentes” que rumaram ao Wine Lovers para degustar alguns vinhos do Douro recém chegados a Mocambique.

 

As expectativas estavam altas, pois tinham-nos sido proposto a prova de dois vinhos da Quinta da Fronteira – Seleccão do Enólogo 2011 Tinto e o Reserva 2010 Tinto.

 

A Quinta da Fronteira situa-se no Douro superior, mais concretamente em Freixo de Espada á Cinta, com cerca de 70 hectares de vinha plantada em socalcos com o Rio Douro em panorâmica.

 

Após as devidas apresentacões, as tapas comecaram a sair convidando os presentes para a tão aguardada prova.

 

Comecámos então a empreitada pelo Quinta da Fronteira Seleccão do Enólogo 2011 e depois seguimos para o Quinta da Fronteira Reserva 2010, como mandam “as regras da boa convivência vínica”.

 

O Quinta da Fronteira Seleccão do Enólogo, elaborado com base nas castas Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, apresentou-se como um Vinho com uma boa estrutura, frescura e uma excelente aptidão gastronómica, tendo sido elogiado por todos os convivas presentes.

 

Já o Quinta da Fronteira Reserva 2010, elaborado também á base das mesmas castas, mas com um estágio de 12 meses em carvalho francês, apresentou-se como um vinho mais “redondo”, igualmente encorpado e agradável na boca, mas menos excitante que o seu “irmão mais novo”.

 

A prova dos nove estava tirada, o Quinta da Fronteira Seleccão do Enólogo 2011 tinha sobrevivido ás “críticas da estreia” e consensualmente obtido a mencão de boa compra.

 

Este bom representante do Douro (da excelente colheita 2011) pode já ser encontrado nalgumas garrafeiras e superficies comerciais de Maputo.

 

Fica assim lancado o desafio para a prova de mais uma estreia em Mocambique …

 

Saudacões vínicas

 

 

Filipe Carvalho